
Apesar do papel desempenhado pela água enquanto recurso essencial para a vida e para o desenvolvimento económico, a disponibilidade e qualidade deste recurso enfrentam desafios significativos. De acordo com a UNESCO, apenas 0,25% da água do planeta é utilizável, estando o restante armazenado em oceanos, glaciares ou poluído. Não menos relevante, o crescimento populacional e a urbanização acelerada estão a aumentar a pressão sobre os sistemas hídricos.
Segundo a ONU, a população mundial deverá atingir 9 mil milhões de pessoas até 2050, levando a um maior consumo per capita e a uma procura crescente por infraestruturas hídricas. Além disso, as alterações climáticas impactam diretamente a disponibilidade de água, afectando de forma mais significativa regiões que já enfrentam escassez. Dados do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) indicam uma redução considerável dos recursos hídricos globais entre 1990 e 2050, o que reforça a necessidade de soluções sustentáveis e investimentos no sector.
Evolução do Consumo Global de Água, por Região (1900 – 2025)
Fonte: Wikipedia
Face ao exposto, diversos governos têm vindo a recorrer cada vez mais a empresas privadas para auxiliar na gestão da água, fenómeno acentuado pelo facto de os orçamentos públicos estarem sob pressão. A gestão da infraestrutura hídrica por agentes privados surge como uma alternativa viável para garantir a eficiência na distribuição, recolha e tratamento da água. Estima-se que o sector de serviços hídricos cresça entre 4% a 6% ao ano, criando pelo caminho oportunidades promissoras para os investidores. Além disso, de acordo com a OCDE e a Morgan Stanley, até 2030 terão que ser investidos mais de 1 trilião de dólares para garantir a existência de infraestruturas eficientes de água em todo o mundo.
Perante este cenário, as empresas especializadas em soluções para a gestão da água encontram um ambiente propício para crescimento e inovação. A modernização de sistemas de tratamento e redes de distribuição pode reduzir desperdícios e aumentar a eficiência no fornecimento de água potável. A expansão da dessalinização e a reutilização de águas residuais são alternativas fundamentais para garantir um abastecimento sustentável. O desenvolvimento de sistemas inteligentes para deteção de fugas e gestão eficiente do consumo hídrico também se tem mostrado essencial para otimizar o uso deste recurso cada vez mais escasso.
Conclusão
O sector da água apresenta uma oportunidade de investimento sustentável e de longo prazo, impulsionado pelo crescimento populacional, urbanização e necessidade de infraestruturas modernizadas. Com um mercado global em expansão e um volume significativo de recursos a ser direcionado para soluções inovadoras, os investidores atentos a esta dinâmica podem encontrar retornos atractivos num sector essencial para o futuro do planeta.