
Alemanha vota hoje mudanças significativas no travão da dívida, antes de novo Bundestag tomar posse. Uma maioria de dois terços está garantida, após a União Democrata-Cristã e os Sociais Democratas terem conseguido chegar a acordo com os Verdes, na semana passada. No caso de uma votação favorável, irá decorrer outra votação no Bundesrag no dia 21 de Março.
Esta decisão representa uma alteração significativa na política fiscal da Alemanha, um país historicamente avesso ao aumento da dívida pública. A regra do travão de dívida, que impede que o Estado apresente um défice estrutural superior a 0,35% do PIB, vai passar a ter duas excepções importantes:
- Criação de um fundo de 500 mil milhões de euros, ou cerca de 11% do PIB alemão, para realizar investimentos em infra-estrutura ao longo dos próximos anos, o que torna possível um reforço do investimento público próximo de 1% do PIB ao ano durante uma década;
- Apenas a despesa militar, actualmente nos 1% do PIB, irá contar para a aplicação desta regra, o que significa que, caso a Alemanha quiser colocar a sua despesa com defesa nos 3% do PIB, poderá ir além da regra do travão da dívida num valor equivalente a 2% do PIB.
Quando o fundo foi revelado há duas semanas, as "yields" das obrigações alemãs a 10 anos dispararam mas agora negoceiam abaixo do seu máximo de 2023.
Por outro lado, o sector da defesa tem disparado, principalmente na Europa, como poderá verificar no gráfico abaixo-mencionado, que compara a rendibilidade do índice da defesa europeia com a norte-americana.A bolsa alemã tem liderado os ganhos entre as bolsas europeias, com o índice DAX a valorizar quase 18% desde o início do ano, comparado com a subida de 9% do índice STOXX 600.
Segundo o gráfico do Morgan Stanley, com os sectores europeus ordenados pelo rácio "price/earnings" nos próximos 12 meses, o sector da defesa é o mais elevado com o sector automóvel do lado oposto.
Agora resta saber se as despesas militares serão apenas na Europa porque a maioria dos países europeus, incluindo a Alemanha, continuam dependentes dos Estados Unidos, conforme mostra o gráfico abaixo-mencionado do TS Lombard.
Fonte: Bloomberg