O primeiro trimestre de 2025 ficou marcado por uma performance negativa do Fundo AR PPR (-0,6%). Nos últimos 12 meses, a rendibilidade do Fundo ascende a +3,0%:
Relativamente à filosofia de investimento, o Fundo assume uma visão assente nos seguintes pilares:
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Os mercados financeiros são ineficientes e oferecem sempre oportunidades de investir em activos subavaliados;
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O investimento acarreta riscos (de mercado, taxa de juro, crédito, liquidez, etc.) e esses riscos devem ser remunerados. Ou seja, o Fundo assume risco quando o binómio risco-retorno é considerado interessante;
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A principal estratégia de cobertura de risco é a diversificação e a adopção de uma perspectiva de médio-longo prazo. A diversificação entre as várias classes de activos e títulos individuais permite controlar o risco e a volatilidade da carteira global. Não elimina o risco de perda de capital, mas mitiga significativamente o risco específico dos títulos, sectores ou mercados geográficos individuais.
Estes princípios, que regem o processo de investimento do Fundo, traduzem-se numa carteira com a seguinte alocação de activos:
Como ilustrado pela tabela acima, nos últimos trimestres temos mantido uma exposição substancial a obrigações europeias, com preferência pelos títulos Investment Grade, onde se identifica mais valor relativo.
No que diz respeito à performance global do Fundo, importa sublinhar que, no primeiro trimestre do ano, o desempenho foi algo penalizado pela componente de acções norte-americanas. Em contraciclo, as acções europeias apresentaram um bom desempenho, tendo registado a maior contribuição YTD para o Fundo.
Nas páginas que se seguem apresenta-se com maior detalhe as características das componentes accionista e obrigacionista do Fundo.
Principais Destaques na Componente Obrigacionista do Fundo
No que diz respeito às métricas da componente obrigacionista da carteira, no último trimestre mantivemos a duration média da carteira relativamente estável, continuando a ver algum valor na taxa de juro no actual enquadramento monetário restritivo. Por outro lado, num contexto de subida moderada de yields associada a spreads de crédito relativamente estreitos, conseguimos subir ligeiramente a yield, que se encontrava, no fim do trimestre, nos 4,7%.
No campo da dívida pública, mantivemos a core holding (RAGB 3.2% 15/07/2039), dado o seu pick-up interessante face às obrigações da Alemanha, cifrado actualmente em 44 bp.
Confrontados com spreads menores, continuamos ainda a aumentar a exposição a dívida com rating investment grade, de modo a proteger o Fundo de um possível alargamento dos spreads, mantendo simultaneamente a qualidade creditícia pretendida.
Para além do referido, aumentámos ainda a exposição a obrigações AA em euros de emitentes europeus. Após uma análise do pick-up apresentado por obrigações de emitentes dentro do universo investment grade, investimos 1,6% do Fundo em obrigações da L’Oreal com maturidade em 2031 e cujo rating é AA+ pela Moodys e AA pela S&P, sendo que paga mais 50 bp que o governo alemão para a mesma maturidade. Convém referir que este é um nome ao qual também temos exposição na componente accionista do Fundo. Participámos ainda numa emissão primária da BlackRock, em Euros, que apresenta igualmente um rating AA, com uma yield a 10 anos acima de 3,75%.
Por último, na componente de emergentes, aumentámos a exposição a divida sénior da Suzano com maturidade em 2032. Com uma yield, no momento da aquisição, de perto de 6% em USD, esta oportunidade surge como particularmente interessante face ao rating deste emitente (BBB-) e o facto da empresa ser líder mundial em volume e custo na produção de pasta papeleira. No fim de Março, esta posição representava 1,15% da carteira do Fundo. Adicionalmente, foi iniciada uma posição em dívida do Reino de Marrocos, numa obrigação que alcança a maturidade em 2031 e que em EUR apresenta um pick-up interessante por comparação com os governos Europeus. A 31 de Março, esta posição representava cerca de 0,4% da carteira do Fundo.
Principais Destaques na Componente Accionista do Fundo
Na componente de acções, o Fundo procura ganhar exposição a diversos mercados accionistas a nível global e a empresas estruturalmente atractivas que apresentem as seguintes características:
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Vantagens competitivas difíceis de replicar;
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Alocação de capital eficiente;
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Possibilidade de crescimento acima da média do sector em que se inserem;
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Equipas de gestão com track record positivo;
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Valorizações atractivas;
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Boas classificações ESG.
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Entre as empresas a que o Fundo tem maior exposição directa encontram-se a REN (1,7%), a Microsoft (1,6%), a EDP (1,3%), a LVMH (1,2%) e a Amazon (1,2%). Destas empresas, as acções da REN foram as que apresentaram um melhor desempenho desde o início do ano, tendo contribuído com 28 bp para o Fundo.
Ainda sobre a componente accionista, aproveitamos para falar de dois nomes da carteira do Fundo:
No ano passado, o desempenho operacional da REN revelou-se mais fraco, num contexto de aumento dos custos financeiros e menor contributo da actividade internacional. Ainda assim, o lucro líquido cresceu 2,2% em 2024, impulsionado por impactos fiscais positivos e ganhos relacionados com a CESE. A nível do balanço da empresa verificou-se uma redução da dívida líquida, apesar de o custo médio da dívida ter aumentado (2,7% em 2024 vs. 2,5% em 2023), o que coloca em evidencia alguma disciplina financeira.
Para os accionistas da REN o arranque do ano foi positivo. Por um lado, no que diz respeito à política de dividendos, o Conselho de Administração da empresa deverá propor na Assembleia Geral de 15 de Abril um pagamento de 0,157€ por acção, o que constitui um aumento de 2% face ao ano transacto, antecipando a implementação da estratégia de crescimento da remuneração dos accionistas. Não menos relevante, no primeiro trimestre de 2025 as acções da REN apresentaram uma valorização de +20,4%, o que compara favoravelmente com outras empresas do sector (STOXX Europe 600 Utilities, +10,5%).
Decorrente da nossa análise, e apesar de alguns desafios operacionais, a REN mantém um perfil financeiro estável e uma dividend yield interessante (5,7%). Como tal, reiteramos a nossa visão positiva para a REN.
No último ano, a Booking apresentou um desempenho robusto, impulsionado pela forte procura global por viagens, sendo que em termos de outlook para o ano de 2025, a empresa acredita que a procura por viagens se manterá saudável, proporcionando um cenário favorável ao crescimento.
A Booking destaca-se como a empresa melhor posicionada no segmento das reservas de viagens online, com uma quota de mercado que ainda permite um potencial significativo de crescimento e uma posição sólida no mercado europeu. A empresa tem apostado em investimentos estratégicos para diversificar a oferta para além do core business, contribuindo para a expansão futura. Embora o contexto macroeconómico possa vir a representar um desafio, de momento, não há sinais de deterioração.
Em termos operacionais, a empresa apresentou um crescimento expressivo em várias regiões, sendo que o crescimento do lucro por acção (EPS) tem sido igualmente notável, suportado pelo forte crescimento orgânico, expansão de margem e um programa de recompra de acções agressivo.
Face ao exposto, considerando o potencial de crescimento da empresa e a posição relevante que detém, tal como a avaliação atractiva face ao registo histórico, o Fundo optou por abrir uma pequena posição na Booking.
Principais Destaques na Componente de Investimentos Alternativos do Fundo
Relativamente à componente de investimentos alternativos do Fundo, a mesma representava cerca de 4,1% da carteira a 31 de Março de 2025. O objectivo da exposição a investimentos alternativos passa pela obtenção de rentabilidade com reduzida correlação com as demais classes de activos.
Entre as principais exposições contam-se o imobiliário, com um peso de 1,2% na carteira, Private Equity (1,2%), investimentos relacionados com a actividade resseguradora (1,0%), Distressed Debt (0,5%) e Venture Capital (0,2%).
Desde o início do ano, entre os investimentos alternativos os principais contribuidores foram as componentes de imobiliário (+2 bp) e de Private Equity (+5 bp).
Política de Investimento
Informação Relevante
A composição e os pesos dos activos em carteira pode variar ao longo do tempo, em função das perspectivas do gestor. Taxas de rendibilidade e risco calculadas com base na cotação do Fundo a 31-Março-25. Taxas de rendibilidade líquidas de comissão de gestão e depositário e não líquidas de comissões de subscrição e resgate. O desempenho anterior não garante resultados futuros.