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O quarto trimestre de 2024 ficou marcado por uma performance positiva do Fundo AR PPR (+1,0%). Nos últimos 12 meses, a rendibilidade do Fundo ascende a +7,0%:
Relativamente à filosofia de investimento, o Fundo assume uma visão assente nos seguintes pilares:
- Os mercados financeiros são ineficientes e oferecem sempre oportunidades de investir em activos subavaliados;
- O investimento acarreta riscos (de mercado, taxa de juro, crédito, liquidez, etc.) e esses riscos devem ser remunerados. Ou seja, o Fundo assume risco quando o binómio risco-retorno é considerado interessante.
- A principal estratégia de cobertura de risco é a diversificação e a adopção de uma perspectiva de médio-longo prazo. A diversificação entre as várias classes de activos e títulos individuais permite controlar o risco e a volatilidade da carteira global. Não elimina o risco de perda de capital, mas mitiga significativamente o risco específico dos títulos, sectores ou mercados geográficos individuais.
Estes princípios, que regem o processo de investimento do Fundo, traduzem-se numa carteira com a seguinte alocação de activos:
Como ilustrado pela tabela acima, nos últimos trimestres temos mantido uma exposição substancial a obrigações europeias, com preferência pelos títulos Investment Grade, onde se identifica mais valor.
No que diz respeito à performance global do Fundo, importa sublinhar que, no ano que agora termina, a componente accionista teve um contributo importante, com particular destaque para as acções norte-americanas. De igual modo, na componente obrigacionista do Fundo observou-se também um desempenho muito positivo por parte das obrigações europeias, que registam a maior contribuição YTD para o Fundo.
Nas páginas que se seguem apresenta-se com maior detalhe as características das componentes accionista e obrigacionista do Fundo.
Principais Destaques na Componente Obrigacionista do Fundo
No que diz respeito às métricas da componente obrigacionista da carteira, no último trimestre mantivemos a duration média da carteira relativamente estável, continuando a ver algum valor na taxa de juro no actual enquadramento monetário restritivo. Por outro lado, num contexto de queda de yields, procurámos manter a yield, que se encontrava, no fim do trimestre, nos 4,6%.
No campo da dívida pública, reforçámos a core holding que tínhamos aberto no trimestre anterior (RAGB 3.2% 15/07/2039), dado o seu pick-up interessante face às obrigações da Alemanha, cifrado actualmente em 45 bp.
Confrontados com menores yields, continuamos ainda a aumentar a exposição a dívida subordinada de seguradoras europeias com rating investment grade, de modo a proteger a yield do Fundo, mantendo simultaneamente a qualidade creditícia pretendida.
Para além do referido, aumentámos ainda a exposição a obrigações AA em euros de emitentes norte-americanos. Após uma análise do pick-up apresentado por obrigações de emitentes de ambos os lados do Atlântico, identificámos valor nalguns segmentos do mercado obrigacionista norte-americano. Face ao exposto, abrimos uma nova posição em dívida da Exxon Mobil para 2039.
Por último, na componente de emergentes, a Roménia 2042 e outras obrigações deste emitente continuam como core holding. Estas obrigações, que representam uma fatia significativa da exposição do Fundo a dívida de emergentes, permanecem interessantes, face ao rating de crédito BBB- outorgado pelas 3 principais agências de rating e ao estatuto do país enquanto Estado-Membro da União Europeia. À data do final de Dezembro, os spreads em relação à taxa swap situavam-se em torno dos 357 bp, sendo que em relação à República Alemã eram ainda mais elevados (377 bp).
Principais Destaques na Componente Accionista do Fundo
Na componente de acções, o Fundo procura ganhar exposição a diversos mercados accionistas a nível global e a empresas estruturalmente atractivas que apresentem as seguintes características:
- Vantagens competitivas difíceis de replicar;
- Alocação de capital eficiente;
- Possibilidade de crescimento acima da média do sector em que se inserem;
- Equipas de gestão com track record positivo;
- Valorizações atractivas;
- Boas classificações ESG.
Entre as empresas a que o Fundo tem maior exposição directa encontram-se a Microsoft (1,8%), a REN (1,5%), a a LVMH (1,3%), a Amazon (1,3%), a Alphabet (1,1%) e a Berkshire Hathaway (1,0%).
Destas empresas, as acções da Amazon, Alphabet e Berkshire Hathaway foram as que apresentaram um melhor desempenho desde o início do ano, com valorizações de 44,4%, 35,1% e 25,5%, respectivamente.
Ainda sobre a componente accionista, aproveitamos para falar de dois nomes da carteira do Fundo:
Enquanto líder global no sector de cosméticos, a L’Oreal destaca-se pelo seu vasto portfólio de marcas, que coloca o grupo numa posição de relevo em várias regiões. Em termos operacionais, a empresa tem vindo a registar um desempenho sólido, como evidenciado pela evolução das vendas, que nos primeiros nove meses do ano cresceram de forma expressiva (+6%, LfL) apesar do contexto de mercado desafiante nalgumas regiões.
Por outro lado, algumas divisões continuam a crescer de forma significativa, apesar da dimensão do grupo. Entre outros segmentos, a L’Oreal Luxe tem vindo a destacar-se, em grande medida, impulsionada pela venda de perfumes, que continua a expandir-se a uma taxa de crescimento de dois dígitos. Em termos globais, importa porém sublinhar que a equipa de gestão tem vindo a alertar para o facto de que a recuperação nalguns mercados, como a China, pode estar demorada.
No seguimento do referido, a cotação das acções da L’Oreal recuou para níveis mais atractivos, apresentando um rácio P/E inferior a 30, algo raro nos últimos anos. Confrontados com a avaliação mais atractiva de uma empresa best-in-class no sector em que opera, optámos por abrir uma posição na L’Oreal.
No decorrer do trimestre que agora termina, a Vidrala divulgou os resultados referentes aos primeiros 9 meses do ano. Entre os principais destaques, importa referir a melhoria do FCF, que em 2024 deverá ultrapassar os 200 milhões de euros, superando o guidance inicial (cerca de 180 milhões de euros).
Perante um cenário de manutenção da forte capacidade de geração de fluxos de caixa, a empresa poderá continuar a apresentar uma trajectória de crescimento ao mesmo tempo que fortalece o seu balanço robusto, que se destaca pela ampla posição de liquidez e nível de endividamento reduzido.
Em sentido contrário, apesar do bom desempenho operacional, a empresa anunciou que os volumes se mantêm fracos, prevendo também uma ligeira descida de preços para 2025. Em parte, esta deterioração é um reflexo do desempenho do mercado ibérico, que em virtude de alguns ajustes de preço e da fraca procura tem sido penalizado, contrastando com a performance mais positiva registada noutras regiões, nomeadamente, no Brasil e no Reino Unido.
Face ao exposto, considerando que a Vidrala se encontra entre os melhores operadores do sector e dada a avaliação atractiva (P/E ≈ 13x), o Fundo mantém actualmente alguma exposição às acções da empresa.
Principais Destaques na Componente de Investimentos Alternativos do Fundo
Relativamente à componente de investimentos alternativos do Fundo, a mesma representava cerca de 4,1% da carteira a 31 de Dezembro de 2024. O objectivo da exposição a investimentos alternativos passa pela obtenção de rentabilidade com reduzida correlação com as demais classes de activos.
Entre as principais exposições contam-se o imobiliário, com um peso de 1,3% na carteira, Private Equity (1,3%), investimentos relacionados com a actividade resseguradora (1,1%) e um fundo de Distressed Debt (0,5%).
Desde o início do ano, entre os investimentos alternativos os principais contribuidores foram as componentes de imobiliário (+7 bp) e de Private Equity (+13 bp).
Política de Investimento