O quarto trimestre de 2024 ficou marcado por uma performance negativa do Fundo Invest Ibéria (-4,0%). Nos últimos 12 meses, a rendibilidade do Fundo ascende a +11,2%:
Este valor compara com um retorno médio de +7,2% para os mercados ibéricos nos últimos 12 meses. Diversos nomes suportaram a outperformance do Fundo ao longo do último ano, com especial destaque para o Bankinter, o CaixaBank, a Galp, a Inditex ou a Logista que, no decorrer dos últimos 12 meses, apresentaram contribuições positivas para o Fundo superiores a 100 pontos-base.
Relativamente ao processo de investimento, o Fundo assume uma visão de longo prazo, assente numa rotação baixa da carteira, que deverá contar com níveis de concentração substanciais. Assim, o Fundo procura investir em empresas do universo ibérico que possuam:
Estes princípios, que regem o processo de investimento do Fundo, traduzem-se numa carteira com 22 constituintes e que apresenta as seguintes métricas por comparação com o PSI e o IBEX 35:
No trimestre que agora termina, o nível de rotação da carteira foi relativamente baixo. Entre as principais alterações, importa destacar que reforçámos a posição na EDP Renováveis e na PUIG Brands, considerando as razões elencadas na página seguinte.
Por outro lado, importa ainda referir que mantivemos o underweight nalguns nomes do sector financeiro. Na nossa opinião, com o prolongamento do ciclo de descida de taxas na Europa, diversos bancos da periferia poderão ser negativamente impactados por via de uma redução na margem financeira.
Desde o início do ano de 2024, o mercado tem vindo a antecipar um cenário pouco animador para a EDP Renováveis como consequência de diversos factores, nomeadamente, a expectativa de menores ganhos com rotação de ativos e uma queda dos preços no mercado grossista de electricidade na Península Ibérica.
Nos primeiros 9 meses do ano, apesar da empresa ter registado um aumento de 5% na geração por comparação com o período homólogo de 2023, o EBITDA acabou por registar uma queda de 9%, reflectindo preços médios de venda mais baixos e ganhos inferiores com a rotação de activos. Neste contexto, as acções da EDPR registaram uma das maiores descidas, em preço, do índice Stoxx 600 Utilities, com a empresa a perder quase metade do seu valor em bolsa desde o início do ano (-45%).
Por outro lado, outro factor que pressionou as acções da EDPR prende-se com a eleição de Donald Trump para um segundo mandato na presidência dos EUA, o que pode representar um revés importante para a empresa caso se verifiquem alterações nos incentivos para a implantação de capacidade renovável.
Decorrente da nossa análise, acreditamos que o investment case é agora menos sombrio, sobretudo da perspectiva de algumas métricas de avaliação, como evidenciado pelo rácio price-to-book, que é inferior a 1, levando a crer que o mercado pode estar a subestimar os activos da empresa. Porém, num contexto de muitas dúvidas e poucas certezas, o Fundo tem vindo a manter um posicionamento underweight na EDP Renováveis, reflectindo uma abordagem prudente, que acreditamos fazer sentido na conjuntura actual.
No penúltimo trimestre do ano, a Puig reportou um crescimento robusto, superando as estimativas dos analistas. A contribuir para este desempenho esteve um panorama de crescimento transversal a todas as divisões, com particular destaque para os produtos de maquilhagem, cujo crescimento se cifra nos dois dígitos, motivado pelo expansão da Charlotte Tilbury, uma das mais recentes aquisições do grupo. Adicionalmente, a gestão revelou-se optimista no que diz respeito ao mercado de produtos de beleza, para o qual antecipam um crescimento de 6 a 7% no ano de 2025.
Relativamente ao segmento “Fragrances & Fashion”, que representou mais de 70% do volume de negócios da empresa no ano corrente, importa realçar o ganho contínuo de quota de mercado, fomentado por algumas marcas do grupo como a Rabanne, Jean Paul Gaultier e Carolina Herrera.
Por outro lado, o crescimento no terceiro trimestre acelerou por comparação com os primeiros nove meses do ano também por força de novos lançamentos, nomeadamente, dos perfumes Million Gold (Rabanne) e Venus (Nina Ricci), e devido ao crescimento significativo das fragrâncias de nicho. Com a aproximação da época festiva, os retalhistas mantêm-se otimistas em relação ao segmento dos perfumes que, de uma perspectiva sazonal, tendem a exibir um bom desempenho no último trimestre do ano.
Com um track record de crescimento nos segmentos em que opera e métricas de avaliação relativamente atractivas (P/E < 20x; EV/EBITDA < 13x), acreditamos fazer sentido ganhar exposição à empresa que, no contexto do mercado ibérico, apresenta um modelo de negócio diferenciado, uma equipa de gestão com provas dadas, um portfólio de marcas relevantes, um balanço forte e um baixo nível de endividamento (Net Debt/EBITDA < 2x).
Principais Detractores:
Principais Contribuidores:
No que diz respeito aos principais contribuidores do Fundo no último trimestre, destacamos a performance das seguintes acções: Logista, Ferrovial, Coca-Cola EP Partners, Altri e Jerónimo Martins.
Relativamente à Logista, a empresa destacou-se uma vez mais pelo seu bom desempenho operacional, contribuindo para que as acções do grupo subissem perto de 8% no trimestre. Quanto aos restantes contribuidores, os mesmos apresentaram variações menos significativas, pelo que é também mais difícil apontar razões concretas que justifiquem a sua outperformance. Porém, importa sublinhar que algumas destas empresas apresentam avaliações atractivas face ao contexto de mercado em que se inserem.
Em sentido contrário, no último trimestre as seguintes empresas tiveram uma contribuição negativa para a performance do Fundo: EDP, EDP Renováveis, Corticeira Amorim, Inditex e Iberdrola.
Quanto à underperformance da EDP e EDP Renováveis, a mesma resultou de diversos factores, nomeadamente, preços médios de venda da electricidade mais baixos e ganhos inferiores com a rotação de activos, tal como o anúncio da saída da EDPR da Colômbia. Com o abandonar destes projectos eólicos, a empresa deverá registar perdas potenciais de até 700 milhões de euros, incluindo a imparidade total dos projectos.
No que diz respeito aos restantes detractores, na Corticeira Amorim acreditamos não ser possível retirar conclusões relevantes da contribuição negativa associada à acção, sendo que as acções da Inditex observaram uma ligeira correção, algo normal após o rally significativo observado nos primeiros nove meses de 2024.
Por último, a Iberdrola acompanhou o movimento descendente verificado nas cotações da generalidade das empresas do sector, que no ultimo trimestre do ano viram as suas acções cair em bolsa muito por força da subida das yields.