
O mercado laboral centra as atenções dos investidores esta semana, depois de o presidente da Reserva Federal ter aberto a porta a um ajuste da política monetária, justificado pela fraqueza do emprego em Jackson Hole.
De acordo com o CME FedWatch Tool, que monitoriza a negociação dos futuros das taxas de juro, a probabilidade de uma descida de 25 pontos base, na próxima reunião nos dias 16 e 17 de Setembro, subiu para 97,6%, de 86,7% há uma semana.
Ontem foram divulgados os números JOLTS (Job openings) relativos à criação de emprego nas áreas comercial, industrial e de escritório.
Pela primeira vez em mais de quatro anos, há menos vagas em aberto do que candidatos. O número de vagas de emprego foi 7,18 milhões em Julho enquanto verificou-se 7,24 milhões de desempregados. O número de vagas foi aquém dos 7,38 milhões previstos pelos economistas e encontra-se no seu nível mais baixo em 10 meses.
Ontem, o Beige Book de Agosto da Reserva Federal EUA foi divulgado e revelou que o mercado laboral perdeu fôlego, reflectindo uma menor vontade das empresas em contratar e mudanças estruturais geradas pela automação.
Na Sexta-feira, será conhecido o relatório de emprego norte-americano do mês de Agosto, divulgada pelo departamento de estatística laboral dos EUA.
Os economistas da Bloomberg esperam que o aumento de empregos do sector não-agrícola permaneça relativamente fraco nos 75 mil, o que é a estimativa média mais baixa desde Dezembro de 2020. Se excluirmos a pandemia Covid, é o menor valor desde Novembro 2011. Em suma, os economistas raramente estiveram tão pessimistas sobre o emprego nos últimos 15 anos.
Em relação ao desemprego, espera-se que a taxa aumente de 4,2% para 4,3% em Agosto.
Como reagem os mercados aos cortes de juros pela Fed?
Os mercados não têm uma reacção simples e previsível às descidas de juros pela Reserva Federal EUA porque tudo depende do contexto.
Historicamente, os cortes de juros muitas vezes sinalizam fraqueza económica, o que pode assustar os mercados e levar a quedas, especialmente se os investidores temem uma recessão.
Por exemplo, durante a crise das empresas dot-com em 2000-2001, a Fed desceu as taxas de juro de 6,5% para 1,75% e o índice S&P 500 afundou cerca de 20%. Da mesma forma, em 2007-2008, os cortes de juros precederam uma queda de mais de 50% no mercado durante a Crise Financeira.
Por outro lado, descidas de juros podem impulsionar os mercados quando são vistos como um apoio sem sinalizar problemas económicos graves. Em 2019, as três reduções de 0,25% ajudaram o índice S&P 500 a ganhar quase 29% naquele ano, aliviando temores de uma guerra comercial sem sinais de recessão.
Existem três tipos de cortes, conforme o Carson Investment:
1️⃣ Normalização
2️⃣ Recessão
3️⃣ Pânico
Apenas os cortes devido a recessões é que levam a selloffs do mercado.
No caso dos outros dois motivos, as taxas mais baixas reduzem os custos de empréstimos, estimulam investimentos e tornam as acções mais atraentes do que as obrigações, frequentemente elevando os preços dos activos.
Fonte: Bloomberg, Bureau of Labor Statistics, Carson Investment, CME, Ted Pillows