Equities vs High Yield: Uma Perspectiva de Risco-Retorno

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O cenário global actual, marcado por tensões geopolíticas, incertezas económicas e uma transição gradual das políticas monetárias, cria um contexto em que os investidores têm dificuldade em encontrar alternativas que ofereçam retornos consistentes ajustados ao risco. Com as expectativas crescentes de cortes nas taxas de juros por parte da Federal Reserve, nos Estados Unidos, e com a estabilização da inflação na Europa, o crédito High Yield global destaca-se como uma classe de activos com rendibilidades reais interessantes, sendo também competitiva do ponto de vista do risco face às acções norte-americanas.

High Yield - Taxa de Rendimento Nominal e Real

No seguinte gráfico podemos observar a taxa de rendibilidade nominal (yield nominal) do crédito Global High Yield (EUR Hedged) e o CPI da União Europeia (Índice de Preços do Consumidor – medida do nível da inflação) nos últimos 15 anos, desde Janeiro de 2010.

Figura 1 – Global High Yield – Taxa de Rendimento Nominal e CPI

Fonte:  Bloomberg, Banco Invest. Dados a 31.05.2025. 

Apesar de os spreads actuais da dívida se encontrarem estreitos, a yield nominal actual de Global High Yield encontra-se nos 7,60%, mais de 40 bps acima da média dos últimos 15 anos (7,17%).

Seguidamente, se observarmos a yield real na Figura 2, descontando o nível da inflação à yield nominal, verificamos que a mesma se encontra igualmente acima da média dos últimos 15 anos, nos 5,70%, face à média de 4,77%, quase 100 bps acima da média, o que pode representar uma oportunidade interessante.

Figura 2 – Global High Yield – Taxa de Rendimento Nominal e CPI

Fonte:  Bloomberg, Banco Invest. Dados a 31.05.2025. 

Inflação e Taxas de Juro – caso Europa e Estados Unidos

Para melhor compreender o contexto macroeconómico que molda as rendibilidades previamente apresentadas, é importante observar a evolução das expectativas de inflação e as taxas de juro.

Analisando as taxas de juro a 5 anos, forward a 5 anos, no seguinte gráfico (Estados Unidos a preto e Europa a azul), verificamos que as expectativas para a inflação se mantêm ancoradas entre os 2% e os 2,50% (tendencialmente mais elevadas para os Estados Unidos).

Figura 3 – Taxas de Juro a 5 anos, forward a 5 anos (Estados Unidos e Europa) 

Fonte:  Bloomberg, Banco Invest. Dados a 31.05.2025. 

Na zona Euro, onde as taxas de juro já se encontram nos 2%, o espaço para novos cortes por parte do Banco Central Europeu é mais limitado, especialmente tendo em conta que a inflação já está próxima do objectivo de 2%. Nos Estados Unidos, por outro lado, ainda existe margem para que a Fed retome os cortes das taxas de juro, com uma possível descida para os 4%, ainda em 2025.

Importa notar que, a 18 de Junho de 2025, a Fed decidiu manter a taxa directora nos 4,50%, optando por esperar para avaliar o impacto das novas tarifas sobre a inflação antes de considerar um corte.

Relação Risco-Retorno: S&P500 e Global High Yield

Se observarmos a seguinte tabela, verificamos que, actualmente, o índice S&P500 transacciona com um múltiplo price-to-earnings (P/E) de 23,3X (trailing 12 meses):

Figura 4 – Acções – Valuation – Exemplo S&P500

Fonte:  Bloomberg, Banco Invest.  Moeda: USD. Dados a 03.06.2025. 

Se assumirmos um crescimento conservador dos resultados (earnings per share – EPS), com uma taxa de crescimento anual composta de 8%, e o P/E corrigir para as 20X, a rendibilidade do S&P500 será de 4,34% nos próximos 3 anos.

Se, alternativamente, assumirmos a estimativa do mercado de crescimento dos resultados de 11,1% para os próximos três anos e um repricing do P/E para as 20X versus as actuais 23,3X, a rendibilidade anual implícita é de 7,47% para os próximos 3 anos, em dólares americanos.

Como verificámos na Figura 1, a yield nominal de Global High Yield global encontra-se nos 7,60%. Tendo em conta que a volatilidade deste activo rondou à volta dos 6% nos últimos 3 anos, face aos 18% registados pelo S&P500, vemos valor relativo no High Yield, não só em termos de rentabilidade, mas também no perfil risco/retorno. Com uma rendibilidade esperada semelhante, mas apenas com um terço da volatilidade, esta classe apresenta um risco significativamente mais reduzido.

Neste contexto, o crédito High Yield pode representar uma alternativa sólida para investidores que procurem estabilidade e rendibilidade real positiva num cenário de elevada incerteza.

 

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