Fear and Greed Index: Sinal de Venda no S&P500?

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2025 tem sido um ano de contrastes, entre euforia recorde e correções abruptas. A 19 de Fevereiro, o S&P500 alcançou novos máximos, nos 6.173 pontos. Em Abril, dia 8, o índice atingiu o seu valor mais baixo, nos 4.983 pontos, consequência da ameaça das tarifas resultantes do “Liberation Day”, representando uma correção de 19,3% do pico ao mínimo.

Desde os mínimos deste ano, o S&P500 apresentou uma recuperação de 34%, uma percentagem que apenas foi ultrapassada 4 vezes nos últimos 75 anos. Desde o início de 2025 até à data, o índice já atingiu 27 máximos históricos:

Performance e taxa de variação do Índice S&P500 (1950-2025)

Fonte: Bloomberg. Dados a 20 de Setembro de 2025.

 

Segundo Sam Stovall, Chief Investment Strategist da CFRA Research, desde 1950, quando o mercado atinge pelo menos 20 máximos até Agosto, tende a subir em média 5,5% nos restantes meses do ano. No entanto, embora a recuperação pareça resistente, alguns indicadores sugerem que o optimismo dos investidores pode estar a adiantar-se bastante face aos fundamentais. Em particular, alguns economistas demonstram uma crescente preocupação com os dados do Produto Interno Bruto (PIB) real dos Estados Unidos (que contabiliza o valor ajustado pela inflação dos bens e serviços) receando que os dados mostrem que a produção económica  desacelerou para 1,5% no terceiro trimestre, numa base anualizada, em comparação com o valor oficial de 3,8%, apresentado pelo U.S. Bureau of Economic Analysis (Gabinete de Análise Económica dos Estados Unidos)no segundo trimestre.

Se os fundamentais levantam dúvidas, os indicadores de sentimento parecem contar uma história semelhante, se considerarmos que os períodos de aumento do receio (fear) quanto ao crescimento (como por exemplo no mês de Abril) tendem a ser ideais para a compra de acções e que o inverso também se verifica: o aumento da ganância (greed) tende a indicar uma oportunidade de venda, principalmente quando atinge níveis elevados (o índice fear and greed divide-se em extreme fear, fear, neutral, greed e extreme greed).

Actualmente, o rácio Forward Price-to-Earnings 12m (que expressa a relação entre o preço das acções e os lucros esperados no próximo ano) encontra-se dois desvios padrão acima da média histórica dos últimos 34 anos (18X aproximadamente), à volta das 25X, podendo significar que as acções estão a ser negociadas com um prémio significativo. De igual forma, o “Fear and Greed Index”, alternativamente medido pelo rácio price-to-earnings face ao índice VIX, encontra-se igualmente quase dois desvios padrão acima da média dos últimos 34 anos:

Fear and Greed – Price-To-Earnings vs. VIX (Volatility Index)

Fonte: Bloomberg. Banco Invest. Métrica alternativa do Fear and Greed Index. Price-to-earnings forward 12m (Greed) vs. VIX (Fear).

Dados de 1 Fevereiro 1991 a 19 de Setembro de 2025.

Se observarmos ainda a mesma métrica (Price-to-Earnings/ VIX) comparativamente aos retornos do índice S&P500 (weekly log returns), podemos verificar que historicamente existe uma tendência para que, depois de subidas substanciais de greed, o índice tenda a corrigir.

Fear and Greed – Price-To-Earnings vs. VIX (Volatility Index) vs. Retornos S&P500

Fonte: Bloomberg. Banco Invest. Métrica alternativa do Fear and Greed Index. Dados de 1 Fevereiro 1991 a 19 de Setembro de 2025.

 

O inverso também acontece: depois de períodos de extreme fear, o índice tende a recuperar de forma significativa, o que nos pode levar a questionar, face a uma subida acentuada do fear and greed de menos de 0,5 para valores superiores a 1,5, se poderia ser a altura adequada para interpretar esta ocorrência como um sell sign?

Historicamente, movimentos tão abruptos no índice de greed and fear, de níveis de extreme fear para níveis elevados de greed, têm precedido correções ou períodos de consolidação do mercado. Assim, embora não se trate de uma certeza, este padrão sugere que os investidores podem considerar esta fase como um sinal de cautela, avaliando a possibilidade de realização de ganhos ou de ajustar a exposição, antecipando-se a uma possível correção do mercado.

 

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