Ao longo das últimas décadas, a abordagem de investimento baseada em factores tem vindo a afirmar-se como uma ferramenta relevante para compreender o comportamento dos mercados accionistas. Ao identificar características comuns que ajudam a explicar diferenças persistentes de desempenho, esta metodologia permite uma leitura mais refinada do risco e do retorno ao longo do ciclo. Factores como Quality, Value, Momentum, Dividend ou Growth representam estilos de investimento distintos, cada um com um perfil próprio de exposição a diferentes características.
Figura 1 – Evolução do Desempenho Acumulado do MSCI World e Principais Factores
Fonte: Banco Invest, Bloomberg.
O gráfico em análise, que compara o índice MSCI World Quality com outros factores do universo MSCI World, evidencia de forma clara a capacidade do factor Quality de gerar resultados mais consistentes ao longo do tempo. Embora existam períodos em que factores mais cíclicos, como Value ou Momentum, apresentem melhor desempenho pontual, a trajectória acumulada do Quality revela, em horizontes temporais mais extensos, um desempenho superior e mais estável.
Figura 2 – Rendibilidade Anualizada do Índice MSCI World e Principais Factores

Fonte: Banco Invest, Bloomberg. Dados a 28-Dez-2025.
Este comportamento deve-se, em grande medida, à natureza das empresas com maior ponderação nos índices expostos a este factor. O MSCI World Quality privilegia empresas com elevada rentabilidade sobre os capitais próprios (ROE), crescimento estável dos lucros e baixa alavancagem financeira. Estas características permitem às empresas atravessar de forma mais consistente diferentes fases do ciclo económico, protegendo os resultados em períodos adversos e beneficiando de forma sustentável nas fases de expansão.
Em contraste, factores como o Value apresentam frequentemente fases de forte recuperação, mas também longos períodos de underperformance, diluindo o desempenho acumulado no longo prazo. O factor Momentum, apesar de historicamente atractivo em termos de retorno, revela uma maior vulnerabilidade a inversões abruptas, penalizando o investidor que não consiga gerir correctamente o timing de mercado. Por outro lado, o factor associado a empresas que apresentam elevada distribuição de dividendos nem sempre assegura crescimento suficiente para superar outros estilos ao longo dos ciclos.
Mesmo face ao factor Growth, a disciplina financeira e a menor dependência de expectativas de crescimento muito elevadas permite ao factor Quality apresentar melhor desempenho, nomeadamente, em cenários marcados pela subida das taxas de juro ou por política monetária mais restrictiva, contextos nos quais o factor Growth tende a ser mais penalizado.
A leitura conjunta do gráfico sugere, assim, que o principal atributo do factor Quality não reside apenas na sua menor volatilidade, mas na capacidade de gerar um melhor desempenho ajustado ao risco ao longo do tempo. Em horizontes de investimento mais longos, esta consistência acaba por se traduzir numa valorização acumulada mais favorável.
Figura 3 – Sharpe Ratio e Maximum Drawdown do Índice MSCI World e Principais Factores

Fonte: Banco Invest, Bloomberg. Dados a 28-Dez-2025.
Importa, naturalmente, sublinhar que nenhum factor apresenta um comportamento linear ou dominante em todos os contextos. No entanto, a evidência histórica aponta para que o factor Quality seja um dos mais beneficiados a longo prazo. Para investidores com um horizonte alargado e uma preocupação acrescida com a preservação e crescimento sustentado do capital, empresas com maior associação a este factor podem afirmar-se como um elemento relevante da componente de acções de uma carteira, contribuindo de forma consistente para o desempenho global da mesma.