
A pergunta pode parecer ridícula, ou até mesmo impertinente, para alguém que anseia por um dos seus desportivos 911 que custam no mínimo $130.000. Contudo, após o seu profit warning na Sexta-feira, de que mal conseguirá um lucro em 2025 e do anúncio de menores ambições de lucro a médio prazo, o prestígio da Porsche, pelo menos aos olhos dos investidores, já não é o mesmo apesar da administração ter insistido na teleconferência com investidores que, tanto do ponto de vista do produto como financeiro, ainda deveria ser considerada uma empresa de luxo.
Para agravar a situação, a Porsche será, a partir de hoje, expulsa do índice de referência DAX da Alemanha, sinalizando que, já não é uma empresa de primeira linha na bolsa alemã.
Nos últimos meses a Audi, Chrysler, Ferrari, Ford, Lamborghini, Mercedes e Opel cancelaram os seus próximos veículos eléctricos e agora a Porsche também juntou-se a esses fabricantes de automóveis, ao confirmar que cancelou a produção de um SUV eléctrico (nome do projecto: K1) e pondera avançar com mais modelos híbridos ou com motor de combustão.
A capitalização bolsista da Porsche afundou mais de €70 mil milhões desde o pico de 2023, situando-se actualmente nos 36,9 mil milhões de euros, desvalorizando quase 29% desde o início do ano. Os analistas já concluíram que a empresa terá dificuldades em recuperar os níveis de rendibilidade anteriores devido ao colapso das vendas na China, uma adopção mais lenta do que o esperado de veículos eléctricos, tarifas de importação de 15% dos Estados Unidos e um dólar enfraquecido.
Ainda assim, os investidores podem concluir que a Porsche tem muito mais em comum com os seus rivais premium alemães, do que com a Ferrari que é avaliada em cerca de 40 vezes os seus lucros esperados em 2026 enquanto a BMW e a Mercedes são negociadas com cerca de apenas sete vezes os lucros. A Porsche situa-se no meio, com cerca de 16 vezes, tendo já reduzido a sua projecção de lucros a médio prazo em Março para entre 15% e 17%, de 17%-19% e esperam entre 10% e 15% no futuro.
Fonte: Bloomberg