
As bolsas norte-americanas, após entrarem em "bear market" com o anúncio de tarifas do "Dia da Libertação", fecharam o mês de Abril recuperando quase todas essas perdas com os investidores mais optimistas. Essa notável viagem de ida e volta levou o índice S&P 500 a cair apenas 4,26% desde o início do ano.
Estas foram as acções norte-americanas que mais contribuíram para a recuperação do índice S&P 500 em Abril:
O sentimento dos investidores, segundo o índice "Fear & Greed" da CNN, atingiu os 57 pontos, o que corresponde a "ganância". Apenas há uma semana, o sentimento era de "medo" com 41 pontos.
Motivos para os investidores estarem optimistas
Os investidores estão cada vez mais confiantes em relação às bolsas norte-americanas devido aos fortes lucros empresariais no 1.º trimestre, bem como as esperanças de que o presidente dos EUA tome medidas para apoiar as bolsas e que a Reserva Federal corte as taxas de juro directoras.
1) Fortes Lucros Empresariais no 1.º Trimestre de 2025
Os sólidos resultados empresariais do primeiro trimestre de 2025 reforçaram o tom optimista. Os analistas esperavam que os lucros das empresas do índice S&P 500 crescessem apenas cerca de 5% no primeiro trimestre e acelerassem 14% até o final do ano. Em vez disso, os lucros do primeiro trimestre, conforme divulgados por cerca de dois terços das empresas do S&P 500, até a semana passada, apresentaram um crescimento de 12,8% em relação ao ano anterior, superando as estimativas.
O destaque dos resultados do primeiro trimestre foi para as acções de empresas tecnológicas, conhecidas como as "Magníficas Sete". O crescimento dos seus lucros trimestrais foi de 29,9%, comparado com os 8,3% das restantes 493 empresas do índice S&P 500.
2) Apoio do Presidente Trump
Apesar da pausa dos EUA nas tarifas recíprocas para permitir negociações comerciais, o plano da Casa Branca ainda deixa a taxa tarifária efectiva em cerca de 17%, em comparação com cerca de 3% anteriormente. No entanto, os mercados parecem convencidos de que as tarifas recíprocas mais elevadas não serão aplicadas e que apenas as tarifas universais de 10% permanecerão num nível visto como suficiente para manter a recessão sob controlo nos Estados Unidos.
3) Cortes de juros previstos pela Reserva Federal
A Reserva Federal tem sido mais agressiva durante a maior parte deste ano mas dados recentes sobre inflação e desemprego alimentam a esperança dos investidores de que cortes nas taxas de juros em 2025 estejam novamente em cima da mesa. Segundo os futuros, espera mais de quatro cortes de juros este ano, comparado com cerca de dois no início de Abril.
Motivos para os investidores estarem cautelosos
1) "Outlook" económico fraca
De acordo com o índice de surpresas económicas do Citi, o "outlook" económico continua fraco após o crescimento negativo do PIB e o enfraquecimento da actividade industrial.
2) Elevada dívida pública dos Estados Unidos
A dívida pública dos Estados Unidos atingiu $36,213.6 biliões que representa aproximadamente 124% do PIB dos Estados Unidos. Esta dívida descomunal do governo norte-americano continua a crescer, juntamente com as despesas com juros. Uma solução para esse problema de financiamento da dívida, que ameaça elevar ainda mais os custos dos empréstimos, ainda está longe de ser clara.
3) Receios de Recessão Global
Os riscos de recessão global voltaram a ocupar o primeiro lugar na lista de preocupações dos mercados. Os economistas consultados pela Reuters indicam altos riscos de uma recessão este ano, tendo previsto um forte crescimento há apenas três meses.
4) Mercado de commodities aponta para uma forte desaceleração do crescimento económico
Os preços do petróleo caíram cerca de 16% até agora neste ano, para cerca de $60 por barril. Se isso se mantiver, 2025 marcará o pior ano para o petróleo bruto desde a crise da COVID-19 em 2020. Para além disso, o cobre, apelidado de "Dr Cobre" devido ao seu histórico como indicador de expansão e retracção, recuperou-se dos mínimas de quase um ano atingidas no início de Abril, mas permanece abaixo do pico de Março.
5) "Yield Curve" das obrigações do Tesouro já não está invertida
A diferença entre as "yields" das obrigações do Tesouro de 10 e 2 anos tem sido positiva desde o ano passado. Em termos históricos, a inversão da "yield curve" é vista como um indicador de recessão mas a curva tende a voltar ao normal à medida que a recessão se aproxima.
Fonte: Bloomberg, CNN, FactSet, Reuters