Retrospectiva de 2025: Bolhas, baratas e subidas de 367%

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O ano de 2025 está quase a chegar ao fim e a Bloomberg destacou alguns dos temas mais marcantes deste ano.

Criptomoedas foram "Trumpadas"

A aposta mais convincente em 2025 foi de investir em tudo o que estivesse ligado à marca Trump. Durante a sua campanha presidencial e depois de assumir o cargo, Trump apostou tudo em activos digitais, impulsionando reformas abrangentes e nomeando aliados do sector em agências poderosas. 

A sua família também envolveu-se, defendendo moedas e empresas de criptomoedas que os investidores trataram como combustível político. Horas antes da sua posse, Trump lançou uma memecoin e promoveu-a nas redes sociais. A primeira-dama Melania Trump seguiu também com o seu próprio token. Mais tarde, a World Liberty Financial, afiliada à família Trump, tornou o seu token WLFI negociável e disponível para investidores de retalho. Cada estreia desencadeou uma subida forte mas infelizmente todas foram efémeras. A memecoin de Trump desvalorizou mais de 80% em relação à máxima de Janeiro. A memecoin de Melania afundou quase 99% e AmericanBitcoin também caiu cerca de 80% em relação ao seu pico de Setembro.
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Inteligência Artificial: A Próxima Big Short?


O Scion Asset Management divulgou, no dia 3 de Novembro, que detinha opções de venda (puts) em Nvidia e Palantir Technologies, as acções no centro do mercado de inteligência artificial, que impulsionou a subida das bolsas nos últimos três anos. Este hedge fund não é gigantesco mas o Scion chama a atenção devido à pessoa que a gera, Michael Burry, que ganhou fama como profeta do mercado no livro e filme "A Grande Aposta" (The Big Short), sobre a bolha imobiliária que levou à crise de 2008.

Os preços de exercício das opções foram surpreendentes: o da Nvidia estava 47% abaixo do preço de fecho da acção enquanto o da Palantir estava 76% abaixo. 2-Dec-29-2025-11-42-41-8652-AM

Acções do Sector de Defesa: Nova Ordem Mundial

Uma mudança geopolítica levou a ganhos expressivos num sector que era considerado controverso pelo gestores de activos: o sector de defesa europeu. Os planos de Trump de reduzir o financiamento das forças armadas da Ucrânia impulsionaram os governos europeus a uma onda de despesas, dando um impulso gigantesco às acções de empresas de defesa regionais, desde a subida de aproximadamente 150% no acumulado do ano da Rheinmetall, até a ascensão de mais de 90% da Leonardo, no mesmo período. Um cabaz da Bloomberg de acções europeias do sector de defesa valorizou mais de 70% desde o início do ano.

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Debasement Trade: Facto ou Ficção?


Os elevados níveis de endividamento em economias como os EUA, a França e o Japão
levaram alguns investidores em 2025 a promover o ouro e activos alternativos, como criptomoedas enquanto o entusiasmo pelas obrigações do governo e o dólar americano diminuía. A ideia ganhou força sob um rótulo pessimista: debasement trade, uma referência a episódios históricos em que governantes como Nero diluíram o valor da moeda para lidar com a pressão fiscal.

A narrativa atingiu o seu ápice em Outubro quando as preocupações com as perspectivas fiscais dos EUA colidiram com a paralisação governamental mais longa da história. Os investidores procuraram protecção além do dólar. Naquele mês, o ouro e o Bitcoin atingiram recordes o que foi um momento raro para activos frequentemente vistos como rivais. Desde então, a
Bitcoin afundou, o dólar estabilizou-se um pouco e as obrigações do Tesouro, longe de entrarem em colapso, estão a caminho de seu melhor ano desde 2020. 

Este é um lembrete de que os receios de erosão fiscal podem coexistir com uma forte procura pelos activos sem risco, principalmente quando o crescimento desacelera e as taxas de juros atingem o seu pico.

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Confronto do Bitcoin: Chanos vs Saylor


No início de 2025, enquanto a Bitcoin disparava e as acções da Strategy subiam vertiginosamente, Jim Chanos viu uma oportunidade. A subida das acções da Strategy ampliou o prémio que as acções da empresa desfrutavam em relação às suas participações em Bitcoin, algo que o lendário investidor considerava insustentável. Em Maio, Chanos decidiu vender a descoberto as acções da Strategy e comprar Bitcoin.

As acções da Strategy atingiram um recorde em Julho, registando um ganho de 57% no acumulado do ano, mas, à medida que o número de empresas de tesouraria de activos digitais explodiu e os preços dos tokens caíram dos seus picos, as acções da Strategy começaram a sofrer e o prémio da empresa em relação ao Bitcoin diminuiu.

A aposta de Chanos afinal deu certo porque as acções da Strategy valorizaram menos do que a Bitcoin este ano com o prémio a desaparecer.

6-Dec-29-2025-01-59-21-9818-PMFannie-Freddie: A Vingança das “Gémeas Tóxicas”


A Fannie Mae e a Freddie Mac, gigantes do financiamento imobiliário que estão sob o controle de Washington desde a Crise Financeira, há muito são alvo de especulação sobre quando e como seriam libertadas das garras do governo. Entusiastas como o gestor de um hedge fund de Bill Ackman apostaram nas duas empresas, na esperança de lucrar com qualquer plano de privatização mas as acções permaneceram estagnadas durante anos no mercado de balcão enquanto o status quo prevalecia.

Depois veio a reeleição de Donald Trump, que fez disparar as acções baseado no optimismo de que o novo governo tomaria medidas para libertar as empresas.

As acções da Fannie Mae e a Freddie Mac dispararam 367% desde o início do ano e continuam sendo as grandes vencedoras para 2025.

9-Dec-29-2025-02-56-06-2014-PMMercados de Dívida: Alerta de Baratas


Os mercados de crédito em 2025 foram abalados, não por um único colapso espetacular mas por uma série de colapsos menores que expuseram hábitos preocupantes. As empresas que antes eram consideradas tomadoras de empréstimos rotineiras viram-se em apuros deixando os credores com perdas consideráveis.

A Saks Global reestruturou $2,2 mil milhões em obrigações após efectuar apenas um único pagamento de juros e a dívida reestruturada agora está sendo negociada a menos de 60 centavos. As obrigações recém-emitidos da New Fortress Energy perderam mais de metade do seu valor em um ano. As falências da Tricolor e, posteriormente, da First Brands, eliminaram milhões em dívidas em apenas semanas.

Entre esses credores estava o JPMorgan, cujo director executivo, Jamie Dimon, colocou o mercado em alerta em Outubro, quando advertiu, de forma eloquente, sobre mais problemas por vir, dizendo: "Quando se vê uma barata, é provável que haja mais".

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Fonte: Bloomberg

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