Até este Verão, os investidores passaram meses investindo em acções de empresas domésticas, apoiadas pelas promessas de estímulos dos governos e baixas taxas de juros. Por outro lado, a incerteza tarifária e a apreciação do euro pesaram sobre os exportadores. Agora, com a estabilização do dólar norte-americano e os acordos comerciais, algumas das empresas internacionais parecem interessantes.
Luxo e defesa exemplificam essa mudança. Um cabaz de acções de defesa do Goldman Sachs subiu mais de 100% comparado com 2% do índice de acções de luxo, devido à incerteza comercial e as despesas contidas dos consumidores chineses.
Este mês tudo mudou porque o sector da defesa está agora no vermelho enquanto o sector do luxo recupera, impulsionado pela subida das acções da LVMH.
Ressurgimento Criativo do Luxo
O momento actual marca uma rotatividade sem precedentes na liderança criativa das principais casas de luxo. Nas últimas três décadas, nunca estrearam tantos novos directores criativos como agora. Este ressurgimento criativo levou os especialistas do sector a tornaram-se mais optimistas sobre as perspectivas do luxo no médio prazo, do que em qualquer momento nos últimos dois a três anos.
As novas colecções de estreia, reveladas nas semanas de moda em Milão e Paris, sinalizaram uma nova explosão de criatividade, com uma mudança estética de looks discretos e minimalistas para um maximalismo colorido e ousado. Esta alteração estética da moda pode ter um impacto comercial, levando os consumidores a refazer ou acrescentar aos seus guarda-roupas, aumentando potencialmente o número de unidades vendidas por cliente.
Vendas Trimestrais da Kering superam expectativas
As acções da Kering dispararam cerca de 10% hoje, atingindo máximos desde Abril 2024. Desde que o novo CEO Luce de Meo entrou em funções na dona da Gucci em Junho, as acções da Kering valorizaram 85%, superando largamente o ganho de 12% do índice STOXX Europa de Luxo no mesmo período.

As vendas referentes ao 3.º Trimestre da Kering desceram menos do que o esperado pelos analistas:
➡️ Vendas Totais (-9,8% YoY): €3,415 mil mn vs €3,31 mil mn Est.
➡️ Vendas Gucci (-18% YoY): €1,343 mil mn vs €1,33 mil mn Est.
➡️ Vendas Yves Saint Laurent (-7,5% YoY): €620 mn vs €598,8 mn Est.
➡️ Vendas Bottega Veneta (-1% YoY): €393 mn vs €383,3 mn Est.
O rácio P/E da Kering é muito próximo da Hèrmes mas com um prémio de 50% em relação ao da LVMH.
Aguarda-se agora a divulgação das vendas da Prada (23/10), Moncler (28/10) e Richemont (14/11) para confirmar a tendência.
Em suma, o sector de luxo não está "recuperado" ainda mas existem ventos favoráveis.
Fonte: Bloomberg, Kering, Reuters