
“Elefante na Sala” é uma conhecida expressão metafórica, usada para referir realidades ou problemas que, de tão evidentes, não podem ser ignorados. Neste momento, o "Elefante na Sala" dos mercados financeiros é a subida dos juros das dívidas soberanas a longo prazo a nível mundial.
Em 2024, 74% dos bancos centrais do mundo desceram as suas taxas de juro directoras, a maior percentagem desde 2021. Só em Maio de 2025, os bancos centrais globais cortaram as taxas de juro 15 vezes.
Porque é que as yields a longo prazo estão em máximos se estamos no meio de um ciclo global agressivo de cortes de juros?
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a agravar-se hoje devido aos receios em relação à sustentabilidade da dívida de vários países da Zona Euro, provocando um selloff de obrigações de alguns países europeus. As yields das obrigações alemãs a 30 anos atingiram o seu nível mais elevado desde 2011 enquanto que as francesas tocaram em máximos desde 2009.
Em França, foi anunciada uma moção de confiança no governo francês para Segunda-feira, 8 de Setembro. Os investidores temem agora um período de instabilidade política e exigem juros mais elevados para financiar o Estado francês, tendo em conta que a dívida pública atingiu 113% do PIB em finais de 2024.
No Reino Unido, os juros das obrigações soberanas a 30 anos atingiram máximos desde 1998 porque o governo de Keir Starmer está com bastantes dificuldades em recuperar a confiança dos mercados financeiros. A Ministra das Finanças, Rachel Reeves, vai apresentar o Orçamento para o próximo ano e está a ser bastante pressionada para melhorar a sustentabilidade das contas do país através da subida de impostos.
Nos mercados financeiros, verifica-se neste momento um círculo vicioso: preocupações crescentes em relação à dívida soberana aumentam as yields, piorando a dinâmica da dívida, o que, por sua vez, eleva os juros novamente.
Por conseguinte, as taxas de juros são mais elevadas apesar dos cortes pelos bancos centrais.
Para além disso, em termos históricos, o mês de Setembro não é favorável para as obrigações soberanas de muito longo prazo.
Fonte: Augur Infinity, Bloomberg