
O primeiro semestre de 2025 ficou marcado por uma performance positiva do Fundo AR PPR (+1,6%). Nos últimos 12 meses, a rendibilidade do Fundo ascende a +5,0%:
Relativamente à filosofia de investimento, o Fundo assume uma visão assente nos seguintes pilares:
- Os mercados financeiros são ineficientes e oferecem sempre oportunidades de investir em activos subavaliados;
- O investimento acarreta riscos (de mercado, taxa de juro, crédito, liquidez, etc.) e esses riscos devem ser remunerados. Ou seja, o Fundo assume risco quando o binómio risco-retorno é considerado interessante.
- A principal estratégia de cobertura de risco é a diversificação e a adopção de uma perspectiva de médio-longo prazo. A diversificação entre as várias classes de activos e títulos individuais permite controlar o risco e a volatilidade da carteira global. Não elimina o risco de perda de capital, mas mitiga significativamente o risco específico dos títulos, sectores ou mercados geográficos individuais.
Estes princípios, que regem o processo de investimento do Fundo, traduzem-se numa carteira com a seguinte alocação de activos:
Como ilustrado pela tabela acima, nos últimos trimestres temos mantido uma exposição substancial a obrigações europeias, com preferência pelos títulos Investment Grade, onde se identifica mais valor relativo.
No que diz respeito à performance global do Fundo, importa sublinhar que, no primeiro trimestre do ano, o desempenho foi algo penalizado pela componente de acções norte-americanas. Em contraciclo, as obrigações europeias apresentaram um bom desempenho, tendo registado a maior contribuição YTD para o Fundo de +94pb.
Nas páginas que se seguem apresentam-se com maior detalhe as características das componentes accionista e obrigacionista do Fundo.
Principais Destaques na Componente Obrigacionista do Fundo
No que diz respeito às métricas da componente obrigacionista da carteira, no último trimestre houve uma ligeira redução da duration média da carteira de 5,6 para 5,5 anos. Em termos estratégicos continuamos a ver algum valor na taxa de juro no actual enquadramento macroeconómico marcado pela incerteza. Por outro lado, um contexto de descida moderada de yields associada a spreads de crédito relativamente estreitos, levou a uma queda moderada da yield, que se encontrava, no fim do trimestre, nos 4,4%.
No campo da dívida pública, mantivemos a core holding (RAGB 3.2% 15/07/2039), dado o seu pick-up interessante face às obrigações da Alemanha, cifrado actualmente em 45 bp.
Durante o trimestre, na sequencia do Liberation Day que levou a um aumento momentâneo de spreads, aumentámos a exposição a high yield.
Assim, além da dívida da Rossini, que contribuiu com +3bp para a performance do fundo, abrimos posições em dívida das empresas Carnival, Aramark e Guala Closures. Nos dois primeiros casos porque entendemos que apesar de serem classificadas como high yield, apresentam rácios financeiros adequados em face do spread sobre a taxa de juro sem risco que pagámos pelas mesmas. Relativamente à Guala Closures a emissão tem um penhor a favor dos credores que traz um nível de proteção adicional aos detentores das obrigações, sendo a empresa líder global em metal closures para bebidas.
Para além dos movimentos, referidos, aumentámos ainda a exposição a obrigações AA em euros de emitentes europeus. Assim, realizámos a mais valia na dívida da L’Oreal, que contribuiu em +3bp para o Fundo, e comprámos novas posições em dívida da LVMH e da Novo Nordisk que juntas equivalem a 1,9% versus os 1,6% da anterior posição. Convém referir que este são nomes aos quais também temos exposição na componente accionista do Fundo. Adquirimos ainda em mercado primário uma emissão de dívida AT1 do banco Sabadell com uma yield de 6,5% e 2 emissões de dívida híbrida, uma de uma utility alemã e outra da empresa petrolífera austríaca OMV, com yields de 4,5% e 4,4% respectivamente. Alocámos 0,7% do fundo à emissão do Banco Sabadell, 0,7% à emissão de dívida da RWE e 0,5% à emissão da OMV.
Por último, na componente de emergentes, mantivemos as exposições a títulos individuais que tínhamos o trimestre passado.
Principais Destaques na Componente Accionista do Fundo
Na componente de acções, o Fundo procura ganhar exposição a diversos mercados accionistas a nível global e a empresas estruturalmente atractivas que apresentem as seguintes características:
- Vantagens competitivas difíceis de replicar;
- Alocação de capital eficiente;
- Possibilidade de crescimento acima da média do sector em que se inserem;
- Equipas de gestão com track record positivo;
- Valorizações atractivas;
- Boas classificações ESG.
Entre as empresas a que o Fundo tem maior exposição directa encontram-se a Microsoft (2,0%), a REN (1,7%), a EDP (1,4%), a Amazon (1,4%) e a LVMH (1,0%).
Destas empresas, as acções da REN foram as que apresentaram um melhor desempenho desde o início do ano, tendo contribuído com 51 bp para o Fundo.
Ainda sobre a componente accionista, aproveitamos para falar de dois nomes da carteira do Fundo:
A Copart é uma empresa norte-americana líder global no fornecimento de serviços de remarketing e leilão online de veículos, com um modelo de negócio baseado numa plataforma digital proprietária que liga seguradoras, frotas, governos e concessionários a uma vasta rede de compradores.
O modelo de negócio da Copart distingue-se pela elevada eficiência operacional, escalabilidade e baixa intensidade de capital, uma vez que a empresa actua em parte como intermediário entre vendedores e compradores, sem assumir o risco de inventário. O principal "moat“ reside na combinação de tecnologia proprietária, com a sua plataforma que permite leilões online em tempo real com escala global, uma rede logística e de armazenagem inigualável, tal como relações exclusivas com seguradoras.
No trimestre terminado em Abril, a Copart reportou um crescimento de 7,5% nas receitas, impulsionado pelo aumento das unidades leiloadas e um valor médio por veículo mais elevado. No plano financeiro, a Copart apresenta um balanço sólido, sem dívida financeira relevante.
Com um mercado pouco penetrado fora dos EUA e tendências favoráveis (e.g., envelhecimento da frota automóvel), a Copart apresenta um perfil de crescimento sustentável, com um retorno sobre o capital investido superior à média. Face ao exposto, no trimestre iniciámos uma posição na Copart.
A Safran é líder global nos sectores aeroespacial e de defesa, com um modelo de negócio centrado no desenvolvimento, produção e manutenção de motores aeronáuticos, bem como em sistemas de propulsão.
O modelo de negócio da Safran é particularmente atractivo pela natureza dual das suas receitas. A venda de motores representa apenas uma parte do valor económico gerado pela empresa, sendo que o principal driver de rentabilidade advém da actividade de aftermarket (manutenção, reparação e revisão).
No primeiro trimestre, a Safran apresentou um desempenho operacional robusto, com um crescimento orgânico das receitas a rondar os 14% (YoY). O segmento de Propulsão foi o principal motor de crescimento dado o aumento de 25% registado na venda de peças de substituição para motores. A empresa mantém ainda um balanço sólido, com uma posição de caixa líquida e um perfil de geração de FCF resiliente, tendo reafirmado o guidance, com um objetivo de FCF superior a 3,0 mil milhões de euros.
Face ao exposto, mantemos uma visão constructiva sobre a Safran. A avaliação (Forward P/E ligeiramente superior a 30x) não nos parece excessiva dado o histórico dos últimos anos e a qualidade global da empresa, que o mercado tem reconhecido, com as acções a registar uma valorização de +31,5% (YTD).
Principais Destaques na Componente de Investimentos Alternativos do Fundo
Relativamente à componente de investimentos alternativos do Fundo, a mesma representava cerca de 3,8% da carteira a 30 de Junho de 2025. O objectivo da exposição a investimentos alternativos passa pela obtenção de rentabilidade com reduzida correlação com as demais classes de activos.
Entre as principais exposições contam-se o imobiliário, com um peso de 1,2% na carteira, Private Equity (1,2%), investimentos relacionados com a actividade resseguradora (1,0%), Distressed Debt (0,5%) e Venture Capital (0,2%).
Desde o início do ano, entre os investimentos alternativos os principais contribuidores foram as componentes de imobiliário (+3 bp) e de Private Equity (+5 bp).
Política de Investimento