O terceiro trimestre de 2025 ficou marcado por uma performance positiva do Fundo Invest Tendências Globais, com uma rendibilidade de +2,4%. Este valor compara com um retorno de 7,2% para o MSCI WORLD EUR Total Return. Desde o início de actividade, em 1 de Julho de 2022, o Fundo obteve um retorno anualizado positivo de 13,4% vs 14,7% para o MSCI WORLD EUR Total Return, o que se traduz numa underperformance anualizada de 130 bp:
Neste trimestre, a suportar o crescimento do Fundo estiveram empresas de diversos quadrantes, nomeadamente, pertencentes aos sectores de Tecnologia e Consumo Discricionário. Entre os sectores com pior performance destacam-se a Indústria e a Saúde, sendo que a exposição é relativamente reduzida em ambos os casos.
Importa ainda destacar o processo de investimento do Fundo, no sentido que o mesmo é a chave por detrás do seu desempenho. O Fundo tem uma perspectiva de longo prazo, assente numa rotação baixa da carteira, que deverá contar com níveis de concentração substanciais. Assim, o Fundo procura investir em empresas expostas a tendências estruturalmente atractivas a médio-longo prazo e que possuam:
- Elevadas rendibilidades sobre os capitais investidos (ROIC), obtidas de forma recorrente
- Vantagens competitivas altamente difíceis de replicar
- Alocação de capital eficiente
- Baixos níveis de endividamento
- Possibilidade de crescimento acima da média do sector em que se inserem
- Equipas de gestão com track record positivo
- Boas classificações ESG
Estes princípios que regem o processo de investimento, traduzem-se numa carteira com 29 constituintes e que apresenta as seguintes métricas vs o MSCI WORLD:

No trimestre que agora termina, o nível de rotação da carteira foi reduzido. Entre as principais alterações, o destaque recai sobre a venda da posição que o Fundo detinha na Novo Nordisk. A decisão resultou, em grande medida, do aumento da concorrência no segmento de fármacos para o tratamento da obesidade, onde empresas como a Eli Lilly têm vindo a apresentar resultados positivos em ensaios clínicos, intensificando a pressão competitiva sobre a Novo Nordisk. Face ao exposto, a visibilidade relativamente à manutenção da sua atual posição de liderança nesta área tornou-se menos evidente.
Por outro lado, foi constituída uma nova posição na Interactive Brokers, pelas razões expostas na página seguinte.
Principais Destaques na Carteira do Fundo
A Inditex destaca-se enquanto líder global no sector do retalho de moda, apoiada num modelo integrado que combina design, produção, distribuição e venda, tanto através de uma rede física de lojas como do canal online. O portefólio de marcas, que inclui nomes como a Zara, Massimo Dutti, Pull&Bear ou Stradivarius, assegura ainda uma presença global diversificada.
Um dos pontos diferenciadores da Inditex prende-se com a cadeia de abastecimento eficiente e flexível, que permite responder rapidamente às tendências de consumo e renovar coleções em ciclos curtos. Esta agilidade, associada à digitalização crescente das operações, sustenta níveis elevados de rentabilidade.
No primeiro semestre de 2025, a empresa apresentou um desempenho positivo, ainda que marcado pelo impacto negativo das flutuações cambiais. Em moeda constante, as vendas cresceram 5,1%, reflectindo um bom desempenho em várias regiões. O lucro líquido atingiu os 2,8 mil milhões de euros, representando uma subida face ao período homólogo, enquanto a margem bruta se manteve em níveis elevados (58,3%) e estável face a 2024.
Por outro lado, o EBIT cresceu 0,9%, confirmando a resiliência do modelo num contexto macroeconómico exigente. Apesar da redução no FCF (1,2 vs 1,9 mil milhões de euros no ano anterior) resultante do maior investimento em fundo de maneio, a posição financeira mantém-se robusta, com uma posição net cash superior a 4 mil milhões de euros e a ausência de dívida significativa.
Face ao exposto, mantemos uma visão constructiva sobre a Inditex. O perfil do negócio, que conjuga uma posição de liderança com a disciplina operacional, confere elevada visibilidade de resultados e capacidade de criação de valor a longo prazo. Em termos de avaliação, a empresa negocia com um P/E Forward em torno das 23x, ligeiramente inferior à média histórica.
A Interactive Brokers é uma corretora online global que serve investidores sofisticados, traders e instituições em mais de 160 mercados. A empresa destaca-se através da sua plataforma de corretagem, que abrange diversas classes de activos, apresentando, simultaneamente, comissões reduzidas, spreads competitivos e um elevado nível de eficiência operacional.
No segundo trimestre de 2025, os resultados divulgados confirmam uma trajectória de crescimento consistente. A receita líquida atingiu 1,5 mil milhões de dólares, com as comissões a registarem uma subida de cerca de 27% em termos homólogos. Já o rendimento de juros líquidos apresentou uma evolução positiva, ainda que mais moderada, penalizada pela trajectória descendente das taxas de juro, que tem vindo a comprimir a margem, apesar do aumento do saldo de crédito dos clientes.
Não menos relevante, a base de clientes da corretora continua a expandir-se de forma significativa. O número total de contas subiu 32% (YoY), para cerca de 3,9 milhões, enquanto o valor global dos activos dos clientes (Customer Equity) avançou 34%, alcançando aproximadamente 665 mil milhões de dólares. As transacções geradoras de receitas, medidas pela métrica DARTs (Daily Average Revenue Trades), registaram um crescimento próximo de 50% face ao ano anterior. A empresa mantém ainda um sólido desempenho operacional, destacando-se pela gestão eficiente de custos, consequência do elevado nível de automação.
Face a este desempenho, mantemos uma visão favorável sobre a Interactive Brokers. O forte crescimento das comissões, a contínua expansão da base de clientes e a diversificação das fontes de receita reforçam a nossa avaliação positiva. Importa ainda sublinhar a elevada escalabilidade do modelo, que em conjunto com a diversificação entre comissões e juros, confere visibilidade acrescida sobre o desempenho futuro da corretora. Dada a diferenciação do modelo, acreditamos que a crescente intensidade concorrencial no segmento das corretoras online poderá não constituir uma ameaça de relevo. Assim, em virtude dos factores acima expostos, consideramos justificada a abertura de uma pequena posição na empresa.
Os maiores contribuidores e detractores para a performance do Fundo durante o último trimestre:
Principais Detractores:

Principais Contribuidores:

No que diz respeito aos principais contributos para o desempenho do Fundo no último trimestre, destacamos a evolução positiva das acções da Alphabet, LVMH, TSMC, ASML e Microsoft.
Relativamente à Alphabet, a valorização registada reflectiu sobretudo a divulgação de resultados acima das expectativas, apoiados por uma dinâmica favorável na área da publicidade digital e pelo contínuo crescimento do segmento de cloud. No caso da LVMH, o bom desempenho foi justificado pela resiliência das vendas nalguns segmentos e as fracas expectativas dos analistas, num contexto em que o mercado demonstrava receio de uma maior desaceleração da procura, o que acabou por não se confirmar de forma tão acentuada.
A TSMC beneficiou da crescente procura por semicondutores de nova geração, impulsionada pela transição associada à inteligência artificial e à maior sofisticação dos dispositivos electrónicos. A ASML, por sua vez, continuou a ser bem acolhida pelos investidores, sustentada pela sua posição de liderança no fabrico de equipamentos de litografia de ponta, essenciais para a produção de chips avançados. Quanto à Microsoft, apesar da evolução positiva do título, não consideramos possível retirar grandes conclusões, na medida em que a variação da cotação no trimestre não foi particularmente expressiva.
Em contrapartida, no último trimestre, as acções da Salesforce, Texas Roadhouse, Vidrala, Neurones e Costco tiveram um impacto negativo no desempenho do Fundo.
No caso da Salesforce, a desvalorização reflecte uma revisão em baixa das perspectivas de crescimento apresentadas pela própria empresa, o que gerou receios quanto à sua capacidade de manter o ritmo de expansão verificado nos últimos anos. Já a Texas Roadhouse foi penalizada por pressões sobre as margens operacionais, num contexto de aumento de custos laborais e de matérias-primas, factores que têm afectado a restauração organizada nos Estados Unidos.
A Vidrala apresentou igualmente uma evolução negativa em bolsa, consequência da normalização do consumo de recipientes de vidro observada desde o período pós-pandemia, bem como a conjuntura desafiante nalgumas regiões onde opera. Relativamente à Costco, apesar do desempenho negativo das acções no trimestre, neste caso não é possível retirar grandes conclusões, dado que as oscilações no preço da acção foram pouco significativas, não havendo factores estruturais novos a destacar.
Por fim, a Neurones registou um crescimento das vendas de 5% bem acima da média do sector que deverá ter crescimento negativo no presente ano. No entanto os resultados foram penalizados pelo aumento dos impostos sobre o trabalho em França, assim como pelas taxas menores de utilização dos consultores nos segmentos de consultoria e aplicações o que levou a uma deteoração dos resultados. Segundo a gestão o primeiro semestre deverá ter marcado o bottom na redução de margem, sendo esperada uma recuperação moderada no segundo semestre.