TACO - "Trump Always Chickens Out"

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O termo “TACO”, acrónimo de “Trump Always Chickens Out” (o Trump volta sempre atrás), foi cunhado pelo colunista do Financial Times, Robert Armstrong, e tem vindo a ser usado por vários analistas e comentadores para descrever um padrão (expectavelmente lucrativo) em que o mercado desce quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ameaça aplicar taxas aduaneiras às importações do país, mas recupera rapidamente devido a adiamentos ou reversões completas, dando assim tempo aos países para negociarem.

As ameaças incluíram não só uma tarifa base mínima de 10% a todos os países, anunciada no “Liberation Day” (2 de Abril), como também tarifas que chegaram aos 145% sobre a China (10 de Abril) e aos 50% sobre a Europa (23 de Maio). Estas medidas foram seguidas de um adiamento e, posteriormente, de uma reversão.

 

 

Figura 1 – Tabela de tarifas aduaneiras recíprocas apresentadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Fonte: White House, “Liberation Day”, 2 de Abril de 2025

 

No dia 28 do mês passado, um repórter no Salão Oval questionou se o termo TACO seria, de facto, uma descrição adequada da abordagem do presidente quanto às tarifas. Trump reagiu negativamente, afirmando que não voltava atrás, que nunca tinha ouvido tal coisa e que era uma má pergunta. Segundo ele, o termo que deveria ser usado é “negociação”:

 

I chicken out? I’ve never heard that. Don’t ever say what you said. That’s a nasty question.

To me, that’s the nastiest question. You ask a nasty question like that. It's called negotiation.

 

Donald Trump    

 

Desde que a administração Trump tomou posse, as políticas de tarifas aduaneiras já foram anunciadas ou revistas mais de 50 vezes, de acordo com uma análise do Washington Post. Esta incerteza levou o índice de volatilidade VIX a atingir os 50 pontos logo após o “Liberation Day”.

 

Figura 2 – Índice VIX YTD 2025

Fonte: Bloomberg. Banco Invest.

 

O índice S&P500 chegou a registar uma performance negativa de 15% poucos dias após o “Liberation Day” - uma queda de quase 20% face ao máximo anterior - deixando os investidores preocupados com a aparente indiferença do presidente face ao mercado de acções. Esta postura contrasta com o seu primeiro mandato, durante o qual Donald Trump reagia rapidamente ao descontentamento manifestado pelo mercado accionista perante as medidas que implementava.

Porém, a suspensão e reversão de algumas das medidas anunciadas permitiu a rápida recuperação do índice americano, que terminou o mês de Maio com uma valorização positiva de 0,5% desde o início do ano (YTD) e que se traduz numa subida de 18,6%% desde os mínimos de Abril.

Ou seja, pelo menos para já, a estratégia TACO – buy the dip quando o Trump ameaça com tarifas, e sell after the rebound, quando as medidas são revertidas ou suspensas – tem-se revelado lucrativa. Resta saber se não estamos perante uma nova versão da história ‘Pedro e o Lobo’ aplicada aos mercados financeiros…

 

Figura 3 – Índice S&P500 YTD 2025 (USD)

Fonte: Bloomberg. Banco Invest.

 

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