Segundo o Financial Times, a “transição energética” ainda é um mito. “Acréscimos energéticos” poderá ser considerado um termo mais preciso porque apesar do investimento significativo em energias renováveis, o consumo de combustíveis tradicionais continua a aumentar.
Isto ocorre porque o mundo procura cada vez mais energia à medida que o rendimento per capita aumenta.
45% da população mundial, com rendimentos mais elevados, consome mais de 80% da energia global.
Mesmo sem substituir as fontes tradicionais, a energia solar é a forma de geração de energia que mais cresce na história.

Os custos dos painéis solares diminuíram mais rapidamente do que qualquer outro bem de investimento na história moderna, mesmo em comparação com computadores e equipamentos de comunicação.
Espere-se que os custos permaneçam reduzidos, pois existe muita capacidade excessiva no sector dos painéis solares, com o potencial de produção da China atingindo 200% da procura global em 2024.
Devido à geração intermitente, o investimento excessivo em energias renováveis até levou a preços negativos de energia em algumas regiões, tais como Austrália e Califórnia.

A transição energética é vendida como um solução mágica, barata e rápida para o clima quando na verdade é lenta, cara, parcial e dependente de fósseis por décadas.
Vamos aos factos:
1) Lenta? Sim
A IEA estima que, mesmo no cenário mais optimista, os combustíveis fósseis ainda representarão 20% a 30% da energia primária em 2050. A substituição de infraestruturas (redes, centrais, frota automóvel, aquecimento) leva décadas, não anos. Na União Europeia, por exemplo, apesar de 20 anos de subsídios, as energias renováveis representam apenas 22% do consumo final de energia.
2. Cara? Extremamente
O custo das energias renováveis desceu mas ignora custos de sistema como backup, redes, armazenamento. Um estudo da MIT mostra que um sistema 100% renovável pode custar 3 a 5 vezes mais do que um com 70% renováveis + gás nuclear.
3. Parcial? Inevitavelmente
Renováveis intermitentes (solar/eólica) não substituem centrais porque necessitam de backup fóssil (gás) em dias sem vento/sol.
4. Dependente de fósseis? Sim, durante décadas
Até 2040, a IEA prevê aumento de 20% na procura de gás natural globalmente para suportar renováveis.
A transição energética não é uma solução, é um processo longo, caro e incompleto que, se mal gerido, pode até aumentar as emissões (via backup fóssil) e empobrecer países.
Renováveis são parte da equação mas não a equação toda.
Fonte: FT, Goldman Sachs, IEA, John Bistline