O primeiro trimestre de 2025 ficou marcado por uma performance positiva do Fundo Invest Ibéria (+4,4%). Nos últimos 12 meses, a rendibilidade do Fundo ascende a +10,2%:
Relativamente ao processo de investimento, o Fundo assume uma visão de longo prazo, assente numa rotação baixa da carteira, que deverá contar com níveis de concentração substanciais. Assim, o Fundo procura investir em empresas do universo ibérico que possuam:
Elevadas rendibilidades sobre os capitais investidos (ROIC), obtidas de forma recorrente
Vantagens competitivas difíceis de replicar
Alocação de capital eficiente
Possibilidade de crescimento acima da média do sector em que se inserem
Equipas de gestão com track-record positivo
Valorizações atractivas
Estes princípios, que regem o processo de investimento do Fundo, traduzem-se numa carteira com 20 constituintes e que apresenta as seguintes métricas por comparação com o PSI e o IBEX 35:
De forma a cobrir a exposição que o Fundo ainda mantém ao sector financeiro, foram compradas opções de venda (puts) para Dezembro de 2027 sobre o índice EURO STOXX Banks, com um nocional correspondente a cerca de 2,7% do Fundo. Esta decisão surge alinhada com a nossa visão de que, com o prolongamento do ciclo de descida de taxas na Europa, diversos bancos da periferia poderão ser negativamente impactados por via de uma redução na margem financeira. Para além do referido, importa ainda sublinhar que avaliações já não se encontram em níveis particularmente atractivos.
Para os accionistas da REN o arranque do ano foi positivo. Por um lado, no que diz respeito à política de dividendos, o Conselho de Administração da empresa deverá propor na Assembleia Geral de 15 de Abril um pagamento de 0,157€ por acção, o que constitui um aumento de 2% face ao ano transacto, antecipando a implementação da estratégia de crescimento da remuneração dos accionistas. Não menos relevante, no primeiro trimestre de 2025 as acções da REN apresentaram uma valorização de +20,4%, o que compara favoravelmente com outras empresas do sector (STOXX Europe 600 Utilities, +10,5%), reflectindo a confiança dos investidores na estabilidade da empresa e maior atractividade da política de dividendos.
Decorrente da nossa análise, apesar de alguns desafios operacionais, a REN mantém um perfil financeiro estável e uma dividend yield interessante (5,7%). Como tal, reiteramos a nossa visão positiva para a empresa e, de momento, apesar da subida considerável observada na cotação das acções da REN, o Fundo mantem exposição à empresa.
A Amadeus, líder global na distribuição e soluções de IT para a indústria do turismo, registou um crescimento sólido em 2024. As receitas do grupo aumentaram 12,9%, atingindo 6,14 mil milhões de euros, impulsionadas pelo desempenho positivo das suas três áreas de negócio: Air Distribution (+10,9%), Air IT Solutions (+15,8%) e Hospitality (+12,3%). O resultado operacional cresceu 18,2%, enquanto a dívida financeira líquida se situou nos 2,11 mil milhões de euros (0,91x EBITDA).
No seu Capital Markets Day de Junho de 2024, a empresa reafirmou o compromisso com um crescimento sustentado para o período 2024-2026, com estimativas anuais de expansão de receitas entre 6 e 9% para o segmento de Air Distribution, 10 a 14% para Air IT e 15 a 18% para Hospitality. A Amadeus mantém uma política de investimento significativa, com um CAPEX entre 11% e 13% das receitas, especialmente orientado para a migração para a cloud, o que deverá estabilizar a margem EBITDA durante este período. A geração de fluxo de caixa livre acumulado para 2024-2026 deverá situar-se entre 3,9 e 4,2 mil milhões de euros, com um programa de remuneração dos accionistas entre 40 a 50% do lucro anual. A empresa pretende manter a alavancagem financeira (Net Debt/EBITDA) entre 1,0x e 1,5x.
Para 2025, a Amadeus estima receitas entre 6,69 e 6,94 mil milhões de euros e um EBITDA entre 2,49 e 2,61 mil milhões de euros. Os custos associados à transformação para a cloud continuam a pressionar a estrutura de despesas, mas com crescimento mais moderado dos custos fixos face a 2024. A conclusão da transição para a cloud está prevista para o início de 2026, o que permitirá uma moderação adicional dos custos e um crescimento do EBIT superior ao do EBITDA, beneficiando de um aumento controlado da depreciação e amortização.
Dada a sua posição dominante e potencial de crescimento, reiteramos uma visão positiva sobre a Amadeus. Não menos relevante, no que diz respeito às métricas de avaliação referentes às acções da empresa, o P/E Forward situa-se abaixo das 19x, algo que consideramos atractivo face às perspectivas de crescimento da Amadeus e a situação financeira actual da empresa.
Principais Detractores:
Principais Contribuidores:
Relativamente aos três bancos destacados, as acções dos mesmos apresentaram valorizações significativas no trimestre, impelindo as avaliações destas empresas para níveis menos atractivos, sobretudo face ao actual contexto económico e evolução expectável das taxas de juro.
Quanto à Iberdrola, a empresa tem vindo a apresentar um bom desempenho operacional nos últimos trimestres, ao passo que as acções da REN começaram o ano relativamente pressionadas, o que contribuiu para acentuar a valorização registada no primeiro trimestre, tal como a divulgação por parte da empresa de algumas medidas que foram bem recebidas por parte dos investidores.
Em sentido contrário, no último trimestre as seguintes empresas tiveram uma contribuição negativa para a performance do Fundo: EDP Renováveis, Inditex, PUIG Brands e Navigator.
Quanto à underperformance da EDP Renováveis, a mesma resultou de diversos factores que têm vindo a penalizar empresas do sector, nomeadamente, a menor rotação de activos.
No que diz respeito aos restantes detractores, as acções da Inditex observaram uma correção após a divulgação de resultados que ficaram àquem das expectativas de alguns analistas e investidores. Porém, importa destacar que a empresa mantém uma posição financeira e perspectivas de crescimento sólidas, com as acções da empresa a apresentarem níveis de avaliação relativamente atractivos.
Por último, não acreditamos ser possível retirar grandes conclusões relativamente aos restantes detractores. Porém, no que diz respeito à PUIG, importa ainda referir que as acções saíram penalizadas do trimestre num contexto desafiante para a generalidade das acções de empresas de cosméticos e perfumes.