Blog Invest Spot

ETF's em carteiras de gestão activa

Written by Inês Figueiredo | 3 de Fevereiro de 2025 14:54:02 Z

Uma das questões que tem dominado a indústria da gestão de activos tem sido o forte aumento dos activos sob gestão dos Exchange Traded Funds (ETFs) – para cerca de 13.500 Bn de USD, a nível global – e até que ponto os mesmos poderão substituir os tradicionais fundos de investimento de gestão activa? Trata-se, de facto, de um debate interessante, tendo em conta a elevada percentagem de produtos de gestão activa que não consegue, de forma consistente, bater os respectivos benchmarks, não justificando as comissões cobradas, significativamente superiores às comissões dos ETFs.

ETFs – Activos sob Gestão, por Região (30-Set-2024)

Fonte: LSEG

Na nossa opinião, haverá sempre lugar para ambas as abordagens. A questão não deverá ser entre optar por uma ou outra, mas como combiná-las em carteiras de investimento diversificadas. É o que fazemos, por exemplo, na gestão dos Fundos Alves Ribeiro PPR, um produto de gestão (muito) activa e no Smart Invest PPR, que investe exclusivamente através de ETFs, com rebalanceamentos trimestrais. Neste último caso, o Fundo combina a gestão passiva com a gestão activa, ao nível da Alocação de Activos.

Os ETF's apresentam várias vantagens, nomeadamente:


  • Diversificação, na medida em que com uma única “linha” se obtém exposição a um conjunto alargado de acções. No caso específico do Alves Ribeiro PPR, apenas são utilizados ETF's na componente de Acções, como forma de reduzir o risco específico da carteira. Tendo em conta que na componente de Obrigações o Fundo detém exposição directa a créditos de empresas, cuja correlação com as Acções pode ser significativa, sobretudo quando os mercados corrigem, os ETF's permitem reduzir o risco específico da carteira total;

  • Redução de custos, dadas as baixas comissões de gestão deste tipo de produtos. Diversificação a baixo custo;

  • Flexibilidade, no sentido que permitem aumentar (ou reduzir) de forma muito rápida (e barata) a alocação a um determinado mercado ou sector. Trata-se de uma vantagem relevante quando falamos de fundos de investimento abertos, com subscrições e resgates diários, onde a gestão da liquidez se reveste de grande importância.

De qualquer forma, alguns cuidados devem ser igualmente considerados. Em primeiro lugar, deve ser analisada a sociedade gestora do ETF, devendo ser privilegiadas as gestoras de renome e com track-record. Em segundo, é importante verificar factores como a liquidez do ETF, ou seja, o volume de transacções, a diferença para o Net Asset Value (NAV) e o spread bid-offer. Por último, importa ter presente que os ETF market weighted, isto é, que distribuem o peso dos constituintes em função da sua capitalização bolsista, tendem a sobreponderar os títulos que mais subiram. Isto pode ser importante porque, no caso de grandes subidas do mercado através dos ETF's tende a comprar-se as acções que subiram mais e não as necessariamente mais baratas.

Concluindo, os ETF's são um instrumento poderoso na gestão de carteiras de investimento. Mais do que o market-timing e o stock-picking, o principal driver da rendibilidade (e risco) de uma carteira de investimento é a Alocação de Activos e, neste sentido, os ETF's podem ser de grande utilidade.